Quando nasce um bebé, nasce uma mãe também. E é este caminho de aprendizagem que por vezes pode ser muito duro de atravessar.
O pós-parto é o período que se segue exatamente após o nascimento do bebé.
E aquilo que muitas vezes falta saber é que ninguém vivencia este período da mesma forma. Nem mesmo a mesma mulher depois de dois partos diferentes.
É possível ter um período pós-parto prazeroso e agradável para a mãe e para o bebé, sim. Mas também é comum que assim não seja e é urgente que as mães saibam que essa é muitas vezes a realidade e que está tudo bem, não há nada de errado convosco.
Neste período o autocuidado é muito facilmente adiado por 1001 razões diferentes. Afinal, a mãe tem a maior das suas prioridades nos braços (literalmente!) e acaba por deixar "para amanhã" aquela conversa com uma amiga, a ida ao cabeleireiro, a ida ao médico, a refeição completa, o banho tranquilo, etc...
Os dias vão passando e os sinais do corpo vão sendo ignorados.
É importante fazer uma autoanálise para ouvir estes sinais, informar-se, cuidar de si e permitir-se a existir para além do papel de mãe e (muito importante!) sem culpas.
E se este processo for difícil, não se inibam de procurar ajuda! Há profissionais que podem ajudar-vos nas mais diversas áreas.
E quanto mais cedo a ajuda chegar, melhor e mais prazeroso vai ser para toda a nova família.
É importante ter em mente que os comentários alheios e a pressão social são aquilo que mais assustam e desorganizam física e mentalmente uma recém-mamã.
Comentários como "é normal doer, é normal estar triste, é normal o bebé chorar, é normal o leite ser fraco ou insuficiente, o que importa é que vocês estão bem" não trazem nada de positivo à mulher que acabou de ter um bebé. Não é normal, não é verdade. Não aceitem este tipo de comentários que, apesar de bem intencionados, não são um contributo útil.
Há demasiados comentários, julgamentos e opiniões que não trazem nada de positivo à nova família.
E muitas vezes vemo-nos como uma bola de ping-pong a ser sacudida de um para o outro lado da mesa e à qual o ditado "preso por ter cão e por não ter" nunca assentou tão bem.
Se amamenta é porque dá mama a mais. Se não amamenta é porque é uma má mãe.
Se dá colo, o bebé vai ficar mimado. Se não dá é porque é demasiado fria para o bebé.
Se dá chucha é porque vai pôr um fim na amamentação. Se oferece a mama para sucção não-nutritiva é porque "não fazes mais nada da vida".
Se teve um parto vaginal, é louca “sabes lá o que isso custa”. Se marcou uma cesariana, só pensou nela e não no bebé.
Os fundamentalismos e as opiniões alheias destroem uma mãe no pós-parto!
Há tons de cinzento entre o branco e o preto. Se não pudermos olhar para cada bebé, cada mãe e cada pai como um todo e escutar a família sem julgamentos, então não vale a pena sequer tentar ajudar.
Se tem uma amiga, uma prima ou uma irmã que acabou de ter um bebé, lembre-se que este é um período frágil e aquilo que a si lhe parece um comentário bem intencionado, pode ser tóxico ou mal interpretado.
Se a mulher que acabou de parir não lhe perguntou a sua opinião, deixe estes comentários para si e proteja-a de comentários desnecessários de outras pessoas.
Para ti que não conseguiste/queres amamentar.
Para ti que te sentes triste.
Para ti que não sentiste ligação com o teu bebé logo desde o primeiro dia.
Para ti que queres tempo só para ti.
Para ti que tens dúvidas.
Está tudo bem! Não te culpes. Mereces ser ouvida. Verdadeiramente e sem julgamentos!
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